História do Ramo Pioneiro no Brasil

por Andre Torricelli e Rubem Suffert

Em 1925 é feita a publicação “Rovering – Aims and Methods” por P.B. Newill, Comissário de Rovers do “Imperial Headquarters”.

O termo ROVER, foi consolidado desde a década de 20 no linguajar escoteiro no Brasil juntamente com o PIONEIRO. No Brasil, o Pioneirismo não teve caminhos diferentes da Inglaterra em se tratando de seu entendimento, porém a real estruturação se deu no início da década de 30. A FBEM Federação Brasileira de Escoteiros do Mar, uma das federações mais fortes e estruturadas daquela época, foi a precursora da estruturação deste ramo, possuía consistentes e numerosos núcleos de Pioneiros em seus grupos. Os Pioneiros realizavam suas atividades juntando-se em Equipes de Interesse e dando a essas equipes nomes próprios. Em trabalhos realizados pelos Clãs citados, pode-se notar a tradução para o português em 1929 do livro “O Caminho para o Sucesso” pelos Pioneiros do GEMAR Botafogo e, em 1934 do folheto do Dr. Griffin “Temas práticos para Pioneiros”, pela equipe Almirante Barroso, do Clã Tiradentes, do 10º Grupo de Escoteiros do Mar. Dois Chefes de Pioneiros se destacaram nessa empreitada inicial, GELMIREZ DE MELO, do 10º Grupo Tiradentes, e BONIFÁCIO BORBA, do Grupo Botafogo. Gelmirez era o Comissário Técnico da Federação do Mar e fora o primeiro da UEB unificada, sendo responsável pelo balizamento técnico do Ramo Pioneiro. Bonifácio era Presidente do Círculo de Pioneiros do Brasil, que idealizara em 1933, e um dos Chefes da Federação, responsável pelo incentivo ao ramo. Gelmirez e outros vinham sendo Chefes Pioneiros, porém, sendo Comissário Técnico da FBEM organizou o 1º Curso para Mestres Pioneiros, em 1933, quando da fundação do Círculo de Pioneiros do Brasil, na Escola Nacional de Chefes Escoteiros do Mar. WILSON REIS E SILVA ATAB recebeu seu diploma do curso, em 05/05/1934, e foi nomeado o PRIMEIRO MESTRE PIONEIRO, em se tratando de formação específica e de uso da nomenclatura, em 08/08/1935. Ocupou também o Mestre Atab, de Setembro de 1935 a 1939, cargos de liderança deste ramo junto a FBEM e UEB. Também como Comissário Técnico Nacional da UEB, Gelmirez de Mello, um dos Escotistas que mais durou em atividade de Chefia de 1915 aos idos de 1980, levou as organizações do Ramo Pioneiro da Federação de Mar também para as outras Federações na UEB. Tem-se como o primeiro Clã organizado nos moldes em que conhecemos e como Clã propriamente dito, fora da fases experimentais e indefinidas, o Clã Tiradentes do 10º Grupo de Escoteiros do Mar. É data da fundação deste Clã em 10 de janeiro de 1931, conforme os arquivos de Ficha de Clãs da FBEM. A Mesa Redonda que possui as 10 virtudes pioneiras talhadas, de posse do Clã Tiradentes, era usada nas Reuniões do Círculo de Pioneiros. Nela os Pioneiros se sentavam ao redor, sem diferenças pois não havia pontas, e giravam seu tampo. Cada Pioneiro deveria falar da virtude que lhe era sorteada com o giro.

Carta enviada à B-P relata que em 11 de julho os “rovers” J.C. Macintyre e João Mós dirigiram-se à sede da Cruz Vermelha Brasileira e puseram à disposição da mesma os “rovers” da Boys Scouts Paulistas. Trechos de um diário registra que em São Paulo, em 15 de julho de 1932, houve uma reunião de chefes e de “rovers” para discutir o apoio à Cruz Vermelha em face à revolução Constitucionalista. Teriam participado do projeto, além dos dois “rovers” citados, Aranald Kenerly, Armando Baraldi, Crescencio Spina, c. Gomm, Duílio Cunha, Frank Delany, Leo Moraes, José Gaioto, José Spina, José Spina Neto, Manoel Kalejean, Ourival Azevedo, Patrick P. Nixon, Plínio Lares, R.A. Bennet, Ronaldo SicilianoTomoo Ikeda e Valdemar Heinrich.

Obtido do livro de João Mós “Boys Scouts Paulistas”

Artigo do Chefe Metropolitano da Federação dos Escoteiros Católicos do Brasil, denominado “O Escotismo como Fator Educativo” publicado na Revista Brasileira de Educação Física em maio de 1935 cita que: “Temos finalmente o terceiro ramo, dos “rovers” como o chama Baden-Powell, dos 17 anos em diante. Em nossa nomenclatura técnica ainda não chegamos a um acordo sobre a tradução desse termos. Na Federação Católica os membro do terceiro ramo chamam-se “pioneiros”, na UEB denominam-se “escoteiros seniores”; outras entidades chamam-nos “exploradores”, “vanguardeiros”, etc…

Em novembro de 1933 o Dr. Bonifácio Antônio Borba idealiza a fundação de um Círculo de Rovers Scouts para incrementar esse ramo do Escotismo.

Em 3 de março de 1934, o Dr. Bonifácio Antonio Borba, Comissário Internacional da UEB, encaminha ofício a Hubert Martin, solicitando autorização para traduzir e publicar em português o livro “Roves Quests in Pratice – Temas Práticos para Pioneiros, de autoria do Dr. Graffin, trabalho esse feito pela equipe “Almirante Barroso” do Clã do 10º Grupo de Escoteiros do Mar, recebendo autorização no dia 13 do mesmo mês e publicado pela UEB.

O livro “Caminho para o Sucesso” ganhou sua primeira edição em português no ano de 1939. Desde 1933, a União dos Escoteiros do Brasil havia recebido autorização para publicá-lo, porém a tradução e edição do livro somente ficariam prontas seis anos depois. O trabalho de tradução foi realizado pelos pioneiros do Clã São Jorge, do Grupo de Escoteiros do Mar do Botafogo Futebol Clube.

Em 1945 é publicado o livro “Programa do Curso de Mestres Pioneiros” da Escola de Chefes da Federação Paulista de Escoteiros da União dos Escoteiros do Brasil, de autoria do Chefe João Mós. Naquele tempo os pioneiros podiam fazer as etapas de 2ª e 1ª Classe e então as de “Pioneiro da Pátria”. Existiam especialidades para pioneiros.

No Brasil a iniciativa dos Mutirões, ainda sob a denominação de “Rovers Moot” foi da antiga Região do Distrito Federal (depois, Guanabara e hoje, Rio de Janeiro), que realizou de 7 a 9 de setembro de 1951, um encontro de 42 pioneiros, tendo como local o Campo Escola do Parque de Itatiaia. De 13 a 15 de novembro de 1952 a Região Escoteira do Distrito Federal realizou o II “Rover Moot” Regional em Teresópolis, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, sob a coordenação do Chefe Fábio Alcântara, Comissário de Pioneiros da Região, e com a presença de delegações de Clãs de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Três temas foram aprovados no encontro: 1º – O Pioneiro deve aproveitar do Pioneirismo mas lembrar-se que é um Movimento do Diretrizes a serem seguidas; 2º – O Pioneiro deve cumprir o Lema: “Servir” e 3º – O Pioneiro em cargo de Direção ou Chefia, que tiveram sua íntegra publicada pela UEB no “Alerta” de mai-jun/1953 com uma foto e realizado o III “Rover Moot” Regional em Angra dos Reis, de 5 a 7 de setembro de 1953, que reuniu pioneiros do Distrito Federal (naquele tempo na Guanabara) e de diversos Estados.

O I Mutirão Pioneiro Nacional foi realizado em Juiz de Fora de 28 a 30 de julho de 1955 sendo coordenado pelo Chefe Darcy Malta, Comissário Distrital. Com a participação de cerca de 100 pioneiros e chefes (DF, RJ, SP, PR, RS e MG) e, além de debates, foi realizada uma Boa Ação Coletiva que constou da limpeza e restauração do parque onde acamparam. Naquela oportunidade o Estado do Rio Grande do Sul foi escolhido como sede para o II Mutirão Pioneiro Nacional, tendo programado o evento para 1958 e não tendo tido condições de realizá-lo.

Em 27 de setembro de 1961, o Comissário Nacional de Pioneiros, Frei Daniel Kromer O.F.M., fez uma palestra no Salão Nobre do Colégio Anchieta, em Porto Alegre, sendo seguido da projeção de dois filmes, um sobre alpinismo e outro sobre um Jamboree Escoteiro Mundial. Começa a ser editado, como encarte do Sempre Alerta um boletim denominado “Ponte Pioneira”, estimulando o desenvolvimento do Ramo.

Desde 28 de abril de 1963, o Clã do Grupo Escoteiro Georg Black – 1913, realizava atividades mistas. Em 11 de agosto de 1968 seu Clã torna-se o 1º Clã Misto do Brasil e realiza sua primeira reunião, com a presença de 14 pioneiros, 7 pioneiras e 6 Escotistas, sob a liderança de Rubem Süffert. Em novembro realiza sua primeira excursão como Clã Misto, com 44 participantes. Em 31 de maio de 1969 as três primeiras pioneiras fazem sua investidura. O II Mutirão Pioneiro Nacional foi realizado na sede do Grupo Escoteiro Georg Black – 1913 e no Parque Nacional Aparados da Serra, de 19 a 24 de julho de 1969, tendo com Coordenador o Dr. João Ribeiro dos Santos, Comissário Nacional de Pioneiros e como Organizador Local o Mestre Rubem Süffert. Realiza-se no Parque Saint Hilaire, pela 1ª vez um Curso Preliminar – Ramo Pioneiro com a presença feminina na equipe e dentre os participantes. O Comissário Nacional de Pioneiros e o Escoteiro-Chefe autorizam também Clãs Mistos experimentais nos GEs Ipiranga – 1º RJ, N.S. da Boa Viagem de Niterói 3º RJ, Cinco de Julho – 131º RJ, no Rio de Janeiro e em Curitiba e atividades mistas no GE Aimorés 1º-MG, em Juiz de Fora. Em 1970 e 1971 o Comissariado Nacional de Pioneiro é exercido por Rubem Süffert e o efetivo pioneiro nacional passa de 2l6 pioneiros(as) para 369, com um acréscimo de mais de 66%.Nessa época também se realizavam os Campos da Amizade, integrando os Movimentos Escoteiro e Bandeirante. Abaixo uma foto do Campo da Amizade de abril de 1970 em Niterói com pioneiros do Clã Ararigbóia do GE Boa Viagem e a Chefe Bandeirante Ana Eva Heuberger.

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